sábado, maio 16, 2009
A Esperança
Eu me chamo a Esperança; sorrio à vossa entrada na vida;
eu vos sigo passo a passo, e não vos deixo senão nos mundos
onde se realizam, para vós, as promessas de felicidade que ouvis,
sem cessar, murmurar aos vossos ouvidos.
Eu sou vossa fiel amiga;
não repilais minhas inspirações: eu sou a Esperança.
Sou eu que canto pela voz do rouxinol
e que lança aos ecos das florestas essa notas lamentosas
e cadenciadas que vos fazem sonhar com os céus:
sou eu quem inspira à andorinha o desejo
de aquecer seus amores ao abrigo de vossas moradas;
eu brinco na brisa leve que acaricia os vossos cabelos;
eu derramo aos vossos pés os perfumes suaves
das flores de vossos canteiros, e é com dificuldade
que dais um pensamento a esta amiga que vos é tão devotada!
Não a repilais: é a Esperança.
Eu tomo todas as formas para me aproximar de vós:
eu sou a estrela que brilha no azul,
o quente raio de sol que vos vivifica;
embalo vossas noites de sonhos;
expulso para longe de vós a negra inquietação
e os pensamentos sombrios; guio vossos passos
para o caminho da virtude;
acompanho-vos em vossas visitas aos pobres,
aos aflitos, aos moribundos e vos inspiro
as palavras afetuosas que consolam;
não me repilais: eu sou a Esperança.
Eu sou a Esperança! sou eu que, no inverno,
faço crescer sobre a crosta dos carvalhos
os musgos espessos dos quais os pequenos pássaros
constróem seu ninho; sou eu que, na primavera,
corôo a macieira e a amendoeira de suas flores
brancas e rosas, e as derramo sobre a terra
como uma juncada celeste que faz aspirar
aos mundos felizes; estou sobretudo convosco
quando sois pobres e sofredores;
minha voz ressoa, sem cessar, em vossos ouvidos;
não me repilais: eu sou a Esperança.
Não me repilais, porque o anjo do desespero
me faz uma guerra obstinada e se esgota em vãos
esforços para me substituir junto de vós;
não sou sempre a mais forte e, quando ele
chega a me afastar, vos envolve com suas asas fúnebres,
desvia os vossos pensamentos de Deus
e vos conduz ao suicídio; uni-vos a mim
para afastar sua funesta influência
e deixai-vos embalar docemente em meus braços,
porque eu sou a Esperança.
FELICIA - Filha do médium
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