domingo, junho 07, 2009

O Vaso de Porcelana e a Rosa



O Grande Mestre e o Guardião dividiam
a administração de um mosteiro zen.

Certo dia, o Guardião morreu
e foi preciso substituí-lo.

O Grande Mestre reuniu todos os discípulos
para escolher quem teria a honra de trabalhar
diretamente ao seu lado.

-Vou apresentar um problema
– disse o Grande Mestre.
– E aquele que o resolver primeiro,
será o novo Guardião do templo.

Terminado o seu curtíssimo discurso,
colocou um banquinho no centro da sala.

Em cima estava um vaso de porcelana caríssimo,
com uma rosa vermelha a enfeitá-lo.
-Eis o problema – disse o Grande Mestre.

Os discípulos contemplavam, perplexos, o que viam:
os desenhos sofisticados e raros da
porcelana, a frescura e a elegância da flor.
O que representava aquilo? O que fazer?
Qual seria o enigma?

Depois de alguns minutos, um dos discípulos
levantou-se, olhou o mestre e os alunos
a sua volta.
Depois, caminhou resolutamente até o vaso,
e atirou-o no chão, destruíndo-o.

-Você é o novo Guardião
– disse o Grande Mestre para o aluno.

Assim que ele voltou ao seu lugar, explicou:

-Eu fui bem claro: disse que vocês estavam
diante de um problema.
Não importa quão belo e fascinante seja,
um problema tem que ser eliminado.

“Um problema é um problema;
pode ser um vaso de porcelana muito raro,
um lindo amor que já não faz mais sentido,
uma caminho que precisa ser abandonado
- mas que insistimos em percorre-lo
porque nos traz conforto.

“Só existe uma maneira de lidar com um problema:
atacando-o de frente.
Nessas horas, não se pode ter piedade,
nem ser tentado pelo lado fascinante
que qualquer conflito carrega consigo”.


Paulo Coelho
em Mensagens do Dia Vol.3

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